O ex-usuário de drogas e autor do livro “ A toxicodependência é uma doença tratável, como e onde se tratar?”, José Luís Vaz considera que as pessoas ainda têm um olhar estigmatizante e preconceituoso em relação aos ex-toxicodependentes.
Em declarações ao A NAÇÃO online, José Luís Vaz lamentou que, hoje em dia, num mundo moderno e globalizado, em que se fala tanto sobre políticas de reinserção social, um toxicodependente ainda seja vítima de estigma, exclusão social e marginalização por parte da sociedade.
José Luís Vaz exemplifica, argumentando que, num concurso para emprego, quando o júri sabe que um indivíduo é ex-usuário de drogas, “exclui-o automaticamente, mesmo que ele preencha os requisitos necessários”.
Segundo o mesmo, as autoridades têm também muitos preconceitos em relação ao ex-toxicodependente uma vez que dos financiamentos para a inclusão social, apenas constam as formações básicas e não financiam um curso superior, caso um indivíduo queira.
No entender de Vaz a família tem um papel fundamental na resiliência da auto-estima do indivíduo que na maioria das vezes encontra-se desempregado e com auto-estima “muito baixa”.
“A toxicodependência enquanto doença é uma amarra ao próprio processo de viver do indivíduo. A família tem que ser aquela alavanca que o empurra e suporta no sentido de ajudá-lo a se tratar”, explicou José Luís Vaz.
Conforme explica, a doença de toxicodependência não tem cura, mas pode-se conseguir tratamento. Só que esse processo é contínuo, fazendo com que o indivíduo esteja em constante “manutenção”.
“Aliás o nosso lema é viver um dia de cada vez. Ou seja, só por hoje vou fazer de tudo para não houver recaídas”, confessa.
O tratamento de José Luís Vaz foi baseado nos 12 passos dos Narcóticos Anónimos no qual o último passo diz que “os que já conseguiram libertar-se da doença, têm a missão de passar a mensagem.
E foi isso que o motivou a lançar recentemente o seu livro “A Toxicodependência é uma doença tratável-como e onde se tratar”. Ou seja, uma forma de ajudar os que estão em tratamento e consciencializar a sociedade sobre o esse problema.
“Uma outra pretensão é desmistificar alguns mitos à volta da toxicodependência e mostrar afinal que o indivíduo não é um abusado. Ele escolheu experimentar, mas não escolheu ficar preso nas drogas”, afiançou, apelando a mudança de atitudes por parte da sociedade.
José Luís Vaz é licenciando em Criminologia e Segurança Pública pelo Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais (ISCJS), é presidente da Associação Prujetu Txadinha e mentor do Projecto “Vida Melhor” – Grupos de Auto Ajuda para Dependentes Químicos e coordenador dos Narcóticos Anónimos “Guerreiros da Luz”.
Para o próximo ano, projecta já o lançamento de mais dois livros, como forma de promover a mudança de atitudes.
WM