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Cultura

Festival arrancou ontem: FMLSal quer levar literatura cabo-verdiana a Nova Iorque já em 2019

A Rosa de Porcelana Editora está a trabalhar para, em 2019, levar uma extensão do Festival Literatura Mundo – Sal (FMLSal) a Nova Iorque, nos Estados Unidos da América (EUA). Mas, por agora, as atenções estão voltadas para a segunda edição desse evento que arrancou ontem em Santa Maria, sendo os homenageados Mário Fonseca (Cabo Verde) e Jorge Luís Borges (Argentina).
Filinto Elísio, da Rosa de Porcelana Editora, avançou ao A NAÇÃO que, a par da segunda edição do FMLSal, que ontem começou, este festival já está apostar, fortemente, no mercado internacional, com uma extensão em Nova Iorque, um dos maiores centros livreiros do mundo.
“Estamos já a conversar para agregar o FLMSal a um grande evento cultural da lusofonia em Nova Iorque, que acontece na Central Park. Nova Iorque, tal como Londres, Istambul, Pequim e Tóquio são cidades-mundo. Aliás, agora em Julho, acontece a 8ª sessão do Instituto da Literatura-Mundo (sedeada na Universidade da Harvard) com a Universidade de Tóquio”, explica aquele editor.
Além de Nova Iorque, também para a terceira edição, no próximo ano, o FMLSal estará associado ao Fórum das Letras de Ouro Preto, no Brasil.
“Definimos programações conjuntas em Novembro do ano passado, no Brasil, e firmamos de levar autores cabo-verdianos a participarem do evento mineiro e escritores brasileiros a participarem do encontro de escritores e académicos que acontece no Sal e noutros espaços de extensão”.
Extensão a Lisboa já este ano
Para este ano, o FLMSal estará também em Lisboa, Portugal, através de uma parceria com a Casa Fernando Pessoa, instituição que celebra este ano os 130 anos do autor de Mensagem.
“A extensão permitirá a circulação dos autores e das obras cabo-verdianas, se quisermos uma perspetiva nacional e, em tal senda, a internacionalização da literatura cabo-verdiana”, perspectiva Filinto Elísio.
Mas, por enquanto, as atenções estão voltadas para a segunda edição do FMLSal que acontece entre os dias 21 e 24, quinta-feira e domingo, tendo uma vez mais a curadoria de José Luís Peixoto (Portugal). As homenageados, este ano, vão para Mário Fonseca (Cabo Verde) e Jorge Luís Borges (Argentina).
Outro dos destaques desta segunda edição do FLMSal é uma mesa de tributo aos “Camões de Cabo Verde”, com um diálogo entre Arménio Vieira e Germano Almeida e outra de tributo à Morna – Candidata a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, por parte do ministro Abraão Vicente.
Na programação destaca-se, ainda, um encontro entre duas academias de Letras: a de Cabo Verde e a do Brasil, assim como da Curadoria do Prémio Oceanos e da Casa Fernando Pessoa.
“A ideia é refletir, debater e, sobretudo, acertar estratégias para inscrever as nossas literaturas nas dinâmicas mundiais e ampliar o diálogo, que se processa em rede e de forma dinâmica, dos autores dos nossos países com os autores do mundo”, adianta aquele editor.
Três dezenas de convidados internacionais
A organização espera cerca de 30 convidados internacionais, entre escritores, professores, investigadores críticos e jornalistas. Rodrigo Lacerda, Marco Lucchesi e Julián Fuks, do Brasil, o professor Simão Valente e o cronista Manuel Halpern, de Portugal, o tailandês Prabda Yoon e a tradutora alemã Bárbara Mesquita, são algumas das presenças confirmadas.
Já a nível nacional, são esperados Joaquim Arena, Dina Salústio, Vera Duarte, Dany Spínola, Daniel Medina, João Lopes Filho, Hermínia Curado, Samuel Gonçalves, Carlos Araújo e David Hopffer Almada, entre outros, num total de 15.
A anteceder o arranque do Festival, acontecem alguns lançamentos de livros, nomeadamente, “Homem do Leme”, de Manuel Halpern, “A Reinvenção do Mar”, de Vera Duarte, “Campo da Fortuna”, de Evel Rocha, e “Clabedotche-Tchapa tchapa” (Acácia Editora), de João Lopes Filho. No dia seguinte ao término do Festival, será também lançado o mais recente livro “O Fiel Defunto” (Ilhéu Editora), de Germano Almeida.
Além das mesas de debate, o programa incluiu, entre outros pontos, a assinatura de vários protocolos, exposição de livros, sessões de autógrafos e declamações de poesia, além de um momento cultural nas Salinas de Pedra de Lume e um tour à ilha do Sal.
Em busca de novos mercados para autores cabo-verdianos
A Rosa de Porcelana é uma das editoras cabo-verdianas que mais tem crescido actualmente. Foi seleccionada, por concurso, para a edição 2018 da Feira do Livro de Frankfurt, que decorre de 10 a 14 de Outubro, na Alemanha. Também, já esteve na Feira do Livro de Leipzig, e por três anos consecutivos integra a Feira do Livro de Lisboa.
Isto denota, segundo Filinto Elísio, um esforço na aposta da internacionalização que não tem sido fácil. “Somos uma editora pequena que ainda labora de forma incipiente nos mercados cabo-verdiano e português, e de forma tacteante nos mercados universitários brasileiros e nalguns nichos de livrarias para as diásporas lusófonas em França e na Alemanha”, conta.
O desafio, como afirma, é avançar com “mais dinâmica” para os mercados de Portugal e do Brasil, e posicionar a editora em outros países da CPLP, mas também novos mercados linguísticos.
“Estarmos este ano na Feira de Frankfurt é uma oportunidade, não apenas para a nossa editora, mas para todos quantos, em parceria, queiram se alinhar nesta aventura. As portas, quando abertas, devem permitir a entrada de todos. É como vemos as coisas (e as causas) da cultura”.
Gisela Coelho

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