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Opinião

Os jovens e a política

Herménio Fernandes*

Neste momento fala-se muito da fraca participação dos jovens na política e na adesão ao recenseamento eleitoral. A meu ver este facto deve-se sobretudo às promessas não cumpridas, às expectativas defraudadas e ao sucessivo adiamento do futuro da nossa juventude por parte do Governo. E é muito importante não esquecer que a Ministra da Juventude e do Emprego é a jovem Janira Almada.

Estamos a falar de uma pessoa que tem, há mais de sete anos, a responsabilidade política pela pasta da juventude, acumulando-a (há perto de cinco anos) com as áreas do emprego, solidariedade, formação profissional, trabalho e família. É chegado o momento de esta ministra apresentar as contas – ou seja, os resultados – da sua política em cada uma destas áreas.

Um jovem sem trabalho é um jovem abandonado e condenado. Um jovem formado e sem trabalho é uma tormenta: com o passar dos anos torna-se numa frustração sem precedentes.

Um país com o território de Cabo Verde, com o mar e a localização favorável que possui, com a paz e uma democracia que caminha para a sua consolidação, com os recursos humanos de que dispõe, não se pode dar ao luxo de ter o crescimento económico tão “magro” como aquele que tem alcançado, e nem de ter uma taxa de desemprego tão elevada entre os jovens que ronda quase os 38%. Um desemprego que atinge, sem dó nem piedade, uma enorme fatia de jovens diplomados (Licenciados, Mestrados e Doutorados).

Estes resultados põe a nu as deficientes estratégias seguidas pelo atual governo durante as três legislaturas de 2001 a 2016, incapazes de tornar Cabo Verde num país mais competitivo, com uma economia mais pujante e sustentável, e com um nível de crescimento económico superior, capaz de criar riqueza e permitir uma distribuição mais equitativa das mesmas.

É cada vez mais indisfarçável que temos um país altamente endividado, com possibilidades reduzidas e com exigências elevadas para se financiar, com um sector privado abandonado à sua sorte. A juntar a tudo isto, vemos uma administração pública cuja liderança está desconectada com as exigência, aspirações e expectativas dos cidadãos, das empresas e dos empresários.

Temos ainda um país em que a tensão entre o patrão (Estado), os Sindicatos e os servidores públicos aumentam de tom, todos os dias. O mais grave ainda é quando isto tudo acontece em sectores considerados estratégicos para o funcionamento e desenvolvimento do país. O encerramento de empresas e de negócios, salários em atraso e despedimentos tornaram-se notícia todos os dias. Será que o objetivo do governo é tornar essas notícias em realidades banais para passarem despercebidas?

Temos uma Ministra da Juventude e Emprego, que fala muito nos jovens mas pensa pouco nelas e neles. Pior: faz muito pouco por elas e por eles. Os jovens fazem parte do discurso do governo mas estão ausentes da sua prática. E se isso é grave falha de todo o governo, é uma falha ainda maior da Janira Almada, que tem a missão de resolver os problemas que afilgem a juventude. Mas os resultados são terríveis.

Basta olharmos para a taxa do desemprego jovem, para o número de alunos que abandonam o ensino superior todos os anos por falta de meios.

Ou olharmos para o programa de estágios profissionais na administração pública: é um autêntico bluff. Há jovens que já se fartaram de fazer estágios…

Ou olharmos para o CV Garante: foi criado em 2010 até hoje ainda não se vê um resultado concreto deste mecanismo que deveria auxiliar e facilitar o acesso ao crédito aos jovens empresário.

Ou basta, então, olharmos para o Fundo de Apoio à Formação e Emprego, que foi apresentado com pompa e circunstância pela Ministra da Juventude e Emprego mas que não deu praticamente em nada. A título de exemplo, temos municípios em que o fundo financiou um único projecto. Um Fundo que apenas consegue financiar um projecto num município, diz tudo da seriedade desta Governante…

Este Governo acabou com as bolsas-empréstimos e agora (nas vésperas das eleições!) regressa com a mesma táctica de sempre. Através da direcção-geral do Ensino Superior, com anúncios nos órgãos de comunicação social, diz o governo que vai retomar esta medida e que os estudantes interessados devem contactar o referido serviço.

A Ministra e Presidente do PAICV, Janira Almada, é um autêntico bluff! Ela é a cara da frustração da juventude Cabo-verdiana e a cara das velhas políticas do PAICV, que só produziram desempregados, empobrecimento da camada jovem e o adiamento do futuro da nossa juventude.

São por estas e outras razões que muitos jovens estão de costas voltadas para a política e para os políticos. Mas eu considero que esta atitude não é a melhor forma de alterar este estado de coisas.

A melhor arma é a participação activa – recensear e votar, colocar deste modo os políticos incapazes nos respectivos lugares. O voto não tem preço, tem sim consequência. A consequência do voto é ver a vida da jovem melhorada. Não se pode deixar de participar apenas por que um politico desonesto nos enganou num determinado momento.

A democracia dá ao povo e ao jovem a possibilidade de endireitar ou de corrigir o erro cometido num determinado momento, o erro de acreditar e confiar nas propostas de um determinado partido e/ou candidato.

Não percamos a esperança, pois há um outro caminho e um outro candidato que é diferente em tudo, porque é sério, competente, trabalhador e que valoriza as capacidades da juventude Cabo-verdiana. No dia 20 de Março de 2016 teremos uma oportunidade de endireitar aquilo que está torto. Cabo Verde tem solução com o Ulisses Correia e Silva.

Estamos juntos!

* Presidente da Juventude para a Democracia.

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