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Sociedade

Cartéis de droga da América Latina têm utilizado países da África Ocidental

Termina hoje, na Cidade da Praia, um seminário sobre a cooperação policial na luta contra o narcotráfico da rota africana em matéria de controlo marítimo e aéreo.
O seminário que reúne dirigentes e especialistas de cerca de 38 países da América Latina, das Caraíbas e da África Ocidental, tem lugar no âmbito do Programa Rota da Cocaína, lançado em 2009, por iniciativa da União Europeia, com um financiamento de cerca 50 milhões de Euros.
Nos últimos anos, cartéis de droga da América Latina têm utilizado os países da África Ocidental como rota adicional para a entrada de cocaína na Europa.
Ora, como forma de combater este flagelo, dirigentes e especialistas de cerca de 38 países da América Latina, das Caraíbas e da África Ocidental estiveram reunidos durante cinco dias na capital cabo-verdiana, à procura de uma visão abrangente sobre o tráfico de cocaína.
Para já, as organizações participantes decidiram reforçar a troca de informações.
“Uma das conclusões é que as organizações que estão presentes neste encontro da Praia, como a Interpol e Ameripol apoiada pela União Europeia, decidiram constituir-se como organismos de acção colaborando activamente na troca de informações, não só a nível regional como global, na luta contra o tráfico de drogas. Por isso, a reunião dos chefes de portos e aeroportos da América Latina e de África Ocidental que aqui decorreu, com o apoio de especialistas europeus, foi sem dúvida um grande encontro na luta contra o crime organizado e fomento de alianças estratégicas”.
Marcos Alvar é o inspector chefe da Polícia de Espanha e coordenador geral do projecto Ameripol – União Europeia. Disse que Cabo Verde e Guiné-Bissau são pontos estratégicos de trânsito de cocaína.
“Cabo Verde e Guiné-Bissau têm uma posição estratégica sobretudo da rota que vem do Brasil não só através dos correios humanos como também através da via marítima que é muito apetecível para as embarcações. Por terem tantas ilhas e encostas os veleiros aproveitam para fazer o transbordo. Organizações sul-americanas mas também europeias encarregam-se do transporte e recepção dessa droga que posteriormente é enviada para o grande mercado que continua a ser a Europa”.
O inspector chefe da Polícia de Espanha e coordenador geral do projecto Ameripol – União Europeia considera que há uma ideia errada em relação à África.
“As conclusões são que entre os países de origem, de trânsito e destino, cada vez mais, a rota vai mudando, mas não podemos dizer que a rota africana, como tem sido muitas vezes dito, é a rota principal. As organizações criminosas têm recorrido a novas vias”.
Marcos Alvar chama atenção que a crise económica tem sido aproveitada pelas redes criminosas para aliciar os correios de droga.
“Lamentavelmente o crime organizado procura recrutar mulas aproveitando das suas debilidades humanas. As pessoas que têm poucos recursos são um alvo preferencial para trazerem drogas desde a América Latina para Europa e África. Os correios de droga podem ser desde um jovem de 18 – 20 anos até um ancião de 60 – 65 ou mais anos. Esta é uma situação que pode afectar tanto os estudantes africanos como europeus devido a crise na Europa”.
Na semana passada, o director nacional da Polícia Judiciária, Patrício Varela, alertou que grupos criminosos estão a recrutar estudantes africanos, incluindo cabo-verdianos, como correios de droga entre Brasil e África.
 

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