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Sociedade

Restaurante Popular em risco

O primeiro (e único) Restaurante Popular de Cabo Verde, inaugurado em Setembro do ano passado, está em risco de fechar as portas. Em causa está o protocolo assinado com a FICASE que, segundo o responsável, mantinha de pé a iniciativa.
Daniel Varela, responsável do Popular, restaurante que abriu as portas em meados de Setembro de 2014, para fornecer refeição a crianças das escolas e algumas comunidades a preços baixos, não tem garantias para continuar a operar. “Em princípio, este ano não iremos funcionar”, revela Varela.
Segundo a nossa fonte, o funcionamento do Restaurante Popular dependia do protocolo assinado com a FICASE (Fundação Cabo-verdiana de Acção Social Escolar), na altura da inauguração, para implementar o projecto piloto de cozinha comunitária e distribuir refeições quentes às crianças das escolas do ensino básico.
Um ano depois, e sem garantias de financiamento, Varela diz que está a aguardar uma decisão daquela instituição. “Tínhamos um contrato com a FICASE. Até agora nada nos foi dito, apenas que têm de ‘reavaliar’ o protocolo por questões financeiras”.
Mas, duas semanas depois do arranque do novo ano lectivo, e ainda sem respostas, Daniel Varela mostra-se céptico: “Se não conseguirmos não iremos funcionar. Neste momento, estamos parados, sem distribuição de refeições”.
Avaliação
A FICASE, por sua vez, confirma que realmente está a avaliar o processo para ver se as partes cumpriram com o acordado e se “vale a pena” continuar com o acordado no ano passado. “O protocolo é anual. Sempre que termina o ano vemos se as partes estão a cumprir o acordo”, diz o presidente da FICASE, Felisberto Moreira.
A abertura da “cantina comunitária” foi um projecto piloto com um público alvo de três mil crianças de escolas da cidade da Praia e concelho de Santa Catarina de Santiago.
A paralisação do Restaurante Popular também afecta um dos objectivos desta iniciativa que era a distribuição de três refeições diárias em alguns bairros da capital, a 160 escudos por dia. O restaurante fornecia alimentação a 10 escolas da ilha de Santiago e tinha capacidade para produzir 100 mil refeições.
Prejudicados
O presidente da FICASE deixa a entender que, caso não se renovar o protocolo, as crianças não deixarão de continuar a ter alimento quente nas escolas. “Queremos assegurar que todos os alunos beneficiem das refeições quentes diárias, mas, em termos de protocolos, estamos a fazer uma avaliação para ver se vale ou não a pena continuar”.
Cozinheiras
Quanto às cozinheiras da FICASE, Felisberto Moreira garante que todas têm os seus direitos salvaguardados e nenhuma irá perder o seu emprego. No ano passado veio à discussão a questão sobre salário mínimo e as cozinheiras queriam também usufruir do montante.
Deixando a polémica de lado, Moreira garantiu que está a cumprir o que a lei estipula, tendo sempre em conta “a real capacidade financeira”. “O que dizemos às cozinheiras é que se pudéssemos faríamos tudo e mais alguma coisa por elas. Quando assumimos a FICASE, em 2001, elas recebiam em género”, diz o presidente. “Hoje recebem em dinheiro”, sublinha.
Mais do que isso, segundo ainda Moreira, com a FICASE, no início, as cozinheiras passaram a receber cerca de três mil escudos. “Depois subiram para seis mil escudos, durante 10 meses, mas novamente viemos a alargar e depois continuamos para 12 meses. Mas na prática trabalham seis a sete meses. Pagamos 12 meses o que é fantástico e grande benefício para elas”, diz.
Com a aprovação do salário mínimo, os ânimos exaltaram-se, mas Felisberto Moreira garante que, neste momento, tudo está mais tranquilo e as cantinas funcionam com 730 cozinheiras.
 
 

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