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Política

Barões do MpD menosprezam sondagem interna

Na Comissão Política Nacional (CPN) do MpD apenas um membro se submeteu à sondagem para a escolha de candidatos a deputado desse partido para as próximas eleições legislativas. Também os actuais deputados ditos “graúdos”, ou barões, não se sujeitaram a esse mecanismo que, segundo uma fonte “ventoinha”, contou com uma boa adesão de “jovens”, de Santo Antão à Brava.
No passado dia 31 de Agosto cumpriu-se o prazo para os militantes do MpD, interessados em participar nas listas para as próximas eleições legislativas, manifestarem o seu interesse em submeter-se a uma sondagem para a escolha de candidatos desse partido nos diversos círculos eleitorais. De acordo com uma fonte bem posicionada, a adesão ao estudo ultrapassou às expectativas, com destaque para o Porto Novo, em Santo Antão, onde se registou uma “avalanche” de inscrições.
Contudo, o nosso interlocutor lamentou o facto de os “graúdos”, ou “barões”, do partido não terem valorizado esse mecanismo, tido como um dos “pontos de honra” do Regulamento do MpD para a escolha dos candidatos a deputado nacional. Dos 15 membros da Comissão Política Nacional (CPN), apenas um se sujeitou ao teste.
Exceptuando Ulisses Correia e Silva, que, por razões óbvias, não deve ser escrutinado, os vices-presidentes, Olavo Correia, Luís Filipe Tavares, Fernando Elísio Freira e Janine Lélis, que deveriam dar o exemplo, não manifestaram qualquer interesse em ser sondados. Dos outros membros, nomeadamente: Jorge Santos, Rui Figueiredo, Joana Rosa, Austelino Correia, Lourenço Lopes, Carlos Monteiro, Luís Leite, Carlos Monteiro, Alexandre Monteiro, Orlanda Ferreira e Filomena Gonçalves, também não se submeteram a esse tipo de escrutínio.
“Esses dirigentes que, na sua maioria, são tecnocratas e elitistas, têm medo se submeter à sondagem, por não gozarem de muita popularidade”, frisou a nossa fonte. “Preferem ficar atrelados ao líder do partido”, Ulisses Correia Silva.
O nosso interlocutor também lastima o comportamento dos “graúdos” ou “barões”, que “menosprezaram” a sondagem. “Esses antigos dirigentes, muitos deles deputados desde a década de 90, consideram que já são património do MpD e que o partido deve agir em função deles. Em vez de se sujeitarem à sondagem, preferem ficar à espera de serem chamados por Ulisses, que, de acordo com o Regulamento, tem a prerrogativa de escolher até 30 por cento dos candidatos a deputado”, frisou.
Em contraponto aparecem os jovens e os militantes que gozam de popularidade junto das suas comunidades a quererem chegar ao Parlamento. Esses, segundo fonte do A NAÇÃO, manifestaram, em massa, o seu interesse em participar na sondagem para a escolha de candidatos a deputado nas próximas eleições legislativas.
Brincadeira
Entretanto, uma outra fonte faz questão de esclarecer que o resultado das sondagens pode não significar a escolha directa do candidato. “A sondagem é apenas um elemento de apoio de Ulisses na tomada de decisão final. O resultado não é linear, isto é, não significa a garantia de um lugar nas listas”, frisa.
Pelo menos três militantes do MpD, com vários anos de estrada, contactados por A NAÇÃO, qualificam como sendo “brincadeira” tal tipo de inquérito, por, alegadamente, não levar “o partido a lugar nenhum”. Chegam mesmo a afirmar que se isso de sondagens for levado a sério, “corremos o risco de ter um Grupo Parlamentar com gente a se preocupar com o seu cutelo, mas sem competências para debater temas de interesse nacional”.
Segundo o A NAÇÃO pôde apurar, a equipa que está a fazer as sondagens, liderada pela empresa portuguesa Pitagórica, já está no terreno e o trabalho deverá ficar concluído em Outubro. Entretanto, o processo de formatação e escalonamento das listas só será concluído em finais de Novembro.
Nas mãos de Ulisses
O Regulamento que estabelece o modelo de escolha dos candidatos a deputados nacionais, no seu artigo 5º, diz que “as listas do MpD para as eleições legislativas devem incluir, em lugares elegíveis, candidatos de idade igual ou inferior a 35 anos, candidatas do sexo feminino e candidatos com notoriedade e liderança social e profissional, designadamente, nas áreas da cultura, do desporto, da educação, da saúde e do empresariado”.
O mesmo Regulamento diz, no entanto, que a escolha dos candidatos será feita de forma directa pelo presidente do MpD e por sondagem destinada a apurar uninominalmente a notoriedade, a intenção de voto e o grau de rejeição de cada candidato. Neste caso, compete ao presidente do partido escolher os cabeças-de-lista pelos círculos eleitorais no país e os candidatos efectivos e suplentes na diáspora.
É ainda da competência do líder do MpD a escolha de 15 candidatos destinados a compor o núcleo de elevadas competências técnico-políticas nas áreas fiscal, orçamental, financeira, económica, de regulação, jurídica e constitucional, geoestratégicas (segurança e relações externas) e estruturantes para o desenvolvimento humano (educação, saúde e ambiente).
A hierarquização das listas de candidatos do MpD às eleições legislativas é apresentada pela Comissão Política Nacional à aprovação da Direção Nacional, sob proposta do Presidente do MpD, ouvidos os coordenadores das comissões políticas concelhias.
 
 
 
 
 

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