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Política

José Maria Neves lança segundo livro “Governar Cabo Verde é gerir impossibilidades”

O primeiro-ministro José Maria Neves lança no dia 11 (sexta-feira da próxima semana), na cidade da Praia, o seu segundo livro, “Cabo Verde – Gestão de Impossibilidades”. Uma obra que pretende ser uma “reflexão” sobre os seus 15 anos à frente do país, na qual passa a pente fino os ganhos e os desafios da sua governação e a resolução de alguns conflitos, nomeadamente entre o PR e o Governo. O livro será lançado ainda na Assomada, Mindelo, Portugal e EUA.
Já na recta final do seu actual mandato, o terceiro e último, José Maria Neves (JMN) adverte, desde já, que “Cabo Verde – Gestão de Impossibilidades” retoma várias das suas posições e afirmações acerca do país, os seus desafios e problemas. Uma delas, a sua conhecida frase “de um país improvável, Cabo Verde é hoje um país possível”, e que governar um tal país, “sem ouro, nem diamante ou petróleo”, é, o tempo todo, “gerir impossibilidades”.
Aliás, a capa – a barragem do Poilão – procura ilustrar a ideia de que o impossível, em Cabo Verde, pode sim acontecer. “Quando falamos em construir barragens em Cabo Verde, os nossos adversários chamaram-me lunático, sonhador e outros nomes. Hoje temos, não uma, mas várias barragens, neste momento, a reterem as águas da chuva que antes iam todas para o mar. Portanto, com persistência e força de trabalho, podemos, sim, desafiar o impossível”.
Primeiro-Ministro desde 2001, JMN confessa ter vivido, nestes quase 15 anos, vários momentos, o que que lhe permite fazer uma “retrospecção” e “prospecção”, no “horizonte de 2030”, de Cabo Verde, lançadas que estão as bases daquilo que acredita ser o desenvolvimento do país.
“Neste momento, temos um país em transição, diria um país emergente, temos uma visão clara e partilhada quanto ao futuro, e cumpridos que estão os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, agora, temos que pensar num desenvolvimento inclusivo, com um forte crescimento económico, com pleno emprego, com justa repartição dos rendimentos e com um país moderno, competitivo, com forte coesão social e qualidade ambiental. Portanto, na perspectiva de um Cabo Verde com desenvolvimento sustentado e sustentável”.
Para JMN, até 2030, Cabo Verde tem importantes desafios pela frente, o que desde logo “exige um forte aceleramento da economia, melhoria substancial da produtividade, sofisticação a nível das instituições, da organização do trabalho, nossas empresas, Administração Pública, entre outras. Exige, também, uma cultura de excelência e de qualidade. Portanto, exige muito de nós, doravante”.
RESPONSABILIDADES
O livro de JMN traz, ainda, uma reflexão sobre as responsabilidades da governação do país. Aborda, por exemplo, a questão das competências do Primeiro-Ministro, enquanto Chefe do Governo, e as do Presidente da República, enquanto Chefe de Estado, nomeadamente, nas Relações Exteriores, mas, também, as relações entre os políticos, assim como uma revisão ao Código Eleitoral.
“Também nos referimos à relação entre os políticos, é preciso reforçar a confiança e a cooperação entre os partidos políticos, reforçar os consensos em relação à Política Externa do país, revisitar o conceito estratégico de Defesa e Segurança Nacional, dentro de uma estratégia de redefinição das políticas no domínio da Defesa e da Segurança, tendo em conta os desafios que temos, neste momento, e também, pensando um pouco na profissionalização das Forças Armadas”, avança.
E há mais: “Também referimo-nos, um pouco, à perspectiva republicana do Estado, à necessidade de uma profunda mudança a nível da Administração Pública, recuperando os valores do altruísmo, serviço público, trabalho, produtividade, responsabilidade do exercício das funções públicas, uma Administração Pública despartidarizada, ao serviço dos cidadãos, e, sobretudo, uma perspectiva ética da governação”.
PAÍS CONFIANTE
Com um “Cabo Verde possível”, dentro da “gestão de impossibilidades”, capaz de caminhar pelos seus próprios pés, JMN aponta como o grande ganho da sua governação “um país mais confiante e com mais certezas”.
“A confiança em Cabo Verde é essencial. Diria que 75% do nosso desempenho,  enquanto Nação, depende da confiança que tivemos em nós mesmos,  e, se pudesse falar dos últimos 15 anos, podemos dizer que aumentámos a confiança, melhorámos o nosso auto-estima, a credibilidade do país e lançamos os alicerces e os pilares essenciais para o desenvolvimento sustentado e sustentável de Cabo Verde”, salienta JMN.
AOS JOVENS
De resto, na reflexão que diz dedicar aos jovens, JMN reconhece que o seu Governo não conseguiu fazer tudo. “Uma alta taxa de desemprego, manchas de desigualdade, espaços ainda de exclusão, temos pobreza, violência com base no género, mas globalmente o país cresceu”, reconhece.
Desafios esses que acontecem por causa da insularidade do país e da dispersão das ilhas. “O que faz com que o custo dos transportes, energia, infraestruturação sejam elevadíssimos. Temos que multiplicar as infraestruturas, criar as condições para o desenvolvimento de todas as ilhas, mas deixa dizer que nos últimos investimos em todas as ilhas e se analisar a saúde, a educação e a electrificação do país teremos elementos para mostrar que efectivamente combatemos as assimetrias e as desigualdades regionais e as ilhas estão mais preparadas para se integrarem competitivamente no processo global do desenvolvimento do país”.
AGENDA DE TRANSFORMAÇÃO
A marca registada deste Governo, que há 15 anos se encontra no poder em Cabo Verde, é a Agenda de Transformação, uma “agenda” que, para JMN, foi importante para mudar o rumo deste arquipélago, através de um “‘puzzle’ complexo” e onde “temos, muitas vezes, que fazer as peças para poder montá-lo”.
CABRAL, UMA ESTRELA
“Cabo Verde – Gestão de Impossibilidades” é dedicado a Amílcar Cabral, líder fundador do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), uma “fonte de inspiração” para o autor, José Maria  Neves (JMN). “Amílcar Cabral é a estrela que me alumia os caminhos, fonte de toda a minha inspiração”, sustenta.
“Quando assumi o Governo, sempre pensei, sendo um homem de esquerda democrática, como é que eu devo agir para transformar os  valores e os princípios da esquerda democrática em bens materiais e espirituais da governação, para garantir o progresso de Cabo Verde, a melhoria da qualidade de vida das pessoas, mais liberdades, mais democracia, mais igualdade e mais solidariedade, enfim, como trabalhar para haver uma sociedade mais tolerante, mais aberta ao mundo, para haver mais cosmopolitismo e, nessa reflexão, Amílcar Cabral sempre me serviu de referência, nomeadamente, para uma governação feita numa perspectiva ética para servir o bem comum”, remarca Neves.
JMN dedica, também, o livro aos jovens, e espera que a publicação, sobre o seu conteúdo, ajude a “suscitar um debate, alguma discussão sobre o desenvolvimento de  Cabo Verde. Se este livro possibilitar isto, ficarei satisfeito”, dissipando com isso a ideia de “pré-campanha eleitoral”, uma vez que reafirma não ser, candidato a nenhum, cargo político, neste momento.
“Estou essencialmente a concluir, com sucesso, a minha governação e considero que não é tempo de pensar nas Presidenciais”, finaliza.
LANÇAMENTOS NO PAÍS E NA DIÁSPORA
“Cabo Verde  Gestão de Impossibilidades” será lançado na Praia no dia 11 (Auditório da Caixa Económica, às 18 horas, por Iva Cabral, Gabriel Fernandes e Albertino Graça); Assomada, dia 12 (Liceu Amílcar Cabral, às 18 horas, por Iva Cabral, Gabriel Fernandes e Pedro Pires); e no Mindelo, dia 14, às 16 horas, na Universidade do Mindelo (por Albertino Graça e Luís Fonseca). Depois disso, será apresentado, também, em Portugal (Madeira) e EUA (Estados Unidos da América). O livro traz a chancela da Rosa de Porcelana, editora cabo-verdiana, responsável já por vários títulos colocados no mercado, no espaço de dois anos de existência.
Carla Gonçalves e Jacqueline Neves
 

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