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Cultura

Os Tubarões regressam ao palco 20 anos depois e homenageiam Ildo Lobo

O mítico grupo musical cabo-verdiano Tubarões regressa hoje aos palcos, 20 anos depois, num concerto no festival da Gamboa, onde irá homenagear o conhecido intérprete Ildo Lobo e todos aqueles que deram o seu contributo à banda.
A informação foi avançada à agência Lusa por Israel “Totó” Silva, um dos elementos fundadores do grupo, lembrando que o regresso dos Tubarões deve-se a um convite da Câmara Municipal de Lisboa para um concerto durante a semana cultural para comemorar os 40 anos das independências das ex-colónias portuguesas.
Segundo o guitarrista, depois de aceitar o convite da Câmara Municipal de Lisboa, veio outro para atuar no Festival da Gamboa, na Cidade da Praia, onde foi um dos grupos fundadores e um dos primeiros a atuar.
No intervalo de um dos ensaios, “Totó” Silva disse que será emocionante regressar aos palcos, esperando transmitir esse sentimento ao público.
“A música é uma atividade que nós sempre fizemos por prazer, sempre nos deu muito gosto fazer música da forma como nós o fizemos, então, para quem está fora do palco há muito tempo, regressar, mesmo que seja pontualmente, terá sempre uma grande emoção”, perspetivou.
Mas neste regresso, uma das ausências que certamente será mais notada e sentida será a de Ildo Lobo, o conhecido vocalista que morreu em outubro de 2004, e que deixou a sua marca, interpretando como ninguém as muitas mornas, coladeiras e funanás do grupo.
“Totó” Silva não escondeu que o grupo sentirá a falta e a ausência do Ildo Lobo, mas também de Jaime do Rosário, que morreu em 2008, e de outros colegas que, embora não tenham falecido, deram o seu contributo para que os Tubarões sejam hoje um dos grupos mais famosos em Cabo Verde.
“Mas realmente o Ildo era um indivíduo com um carisma especial. Foi um indivíduo que marcou a sua passagem pelos Tubarões e pela música de Cabo Verde e então nós não podemos subir ao palco sem nos recordarmos dele”, salientou, indicando ser essa a razão da homenagem a todos os que deram o seu contributo ao grupo.
Os Tubarões marcaram a música de Cabo Verde a partir da época da independência, a 05 de julho de 1975, até 1994, ano do fim do grupo, tendo gravado oito discos.
Após a “dispersão” dos elementos, Ildo Lobo fez carreia a solo, tendo gravado três discos, “Nós Morna” (1996), “Intelectual” (2001) e “Incondicional” (2004), editado depois da sua morte.
No regresso, além de “Totó” Silva, vão subir ao palco Totinho (saxofone), Mário “Russo” Bettencourt (baixo), Jorge Lima (percussão), Jorge Pimpas (bateria), Zeca Couto (Piano).
O vocalista será Albertino Évora, músico residente do Quintal da Música, conhecido restaurante típico na Cidade da Praia, mas “Totó” Silva alerta que o objetivo não é ocupar o lugar ou imitar Ildo Lobo, mas sim dar o seu contributo, de acordo com as suas características e potencial.
Albertino Évora disse à Lusa que a experiência de interpretar as músicas dos Tubarões tem sido “muito boa”, mas está ciente da “grande responsabilidade”.
No entanto, garantiu que não será muito difícil, uma vez que tem acompanhado o grupo desde miúdo e que também tem interpretado muitas músicas nos palcos cabo-verdianos.
Questionado se considera ser a voz cabo-verdiana que mais se aproxima à de Ildo Lobo, Albertino Évora respondeu que, no timbre sim, esperando agora “corresponder às expectativas”, manifestando disponibilidade para continuar a acompanhar o grupo neste novo fôlego, que começa já no Festival da Gamboa, que decorre hoje e sábado.
A mesma opinião tem “Totó” Silva, dizendo que o grupo vai dar “tudo”, tocando a sua música para dois públicos: o que sempre foi afeto aos Tubarões e que sempre acompanhou e gostou de ouvir o grupo e para a juventude, que não teve oportunidade de ver e ouvir o grupo ao vivo.
“Totó” Silva não garante se o regresso é para continuar – “só Deus sabe” -, mas afirmou que, se aparecerem mais convites, “é possível” que o grupo participe “pontualmente” em alguns espetáculos, mas não com as mesmas características que tinha no passado.
“É difícil porque agora as condições são outras, o mercado é outro, nós também já não estamos na faixa etária dos 20 anos. Voltar para fazer a música da mesma forma pode não ser tão fácil, mas nós podemos estar presentes em eventos, espetáculos e acontecimentos pontuais”, concluiu.
Fonte: Lusa

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