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Economia

Combustíveis: Empresa de logística comum pode avançar

A empresa de logística comum de combustíveis, de que há muito se vem falando, pode ser criada finalmente. Isto porque, segundo o presidente da Agência de Regulação Económica (ARE), Renato Lima, as petrolíferas, que inicialmente mostraram alguma reserva em relação à ideia, revelam-se agora mais receptivas.
Renato Lima considera que a  criação de uma empresa de logística comum traria para Cabo Verde uma “racionalização” com reflexos “acentuados”, nomeadamente, no custo da electricidade e água.
Sobre os avanços e recuos em relação à empresa de logística comum, o presidente do ARE revela que depois dos estudos encomendados para o efeito, as duas petrolíferas – Shell (hoje Vivo) e Enacol – não se entenderam, daí o compasso de espera. Hoje, ao que tudo indica, as coisas podem ter mudado de figura.
“Parece que agora, finalmente, há condições favoráveis para que essa empresa seja criada. Mas, independentemente dessas razões, ora num sentido, ora noutro, para a regulação, o trabalho teria outra objectividade se existisse uma empresa de logística comum”, admite Renato Lima.
PRAIA X MINDELO
O presidente da ARE sublinha que uma tal aposta teria reflexos directos nas tarifas de electricidade e água, caso “fosse possível desembarcar e consumir fuel pesado em Santiago, que constitui o maior mercado de Cabo Verde”.
Para Renato Lima, a questão do preço dos combustíveis no país “não tem nada a ver com a ineficiência das empresas”. Pelo contrário, “tem mais a ver com uma célebre questão, que já foi badala várias vezes, que é a questão da logística”, isto é, se a dita empresa a criar se deve basear em Santiago ou em São Vicente.
“Nós importamos fuel pesado 380, fuel leve 180, gasóleo, gasolina, jet, que é um produto não regulado, e gás butano. O que é que acontece com a logística ?”, interroga Renato Lima. “Santiago, maior mercado de Cabo Verde, só recebe de forma directa o gás butano. Gasóleo e fuel  são descarregados nos armazéns primários em São Vicente, a gasolina e o jet desembarcam directamente no Sal e depois há que fazer toda a redistribuição a nível nacional com custos advenientes. Ora, isso tudo tem custos que o consumidor tem de arcar”.
O combustível mais barato é o fuel 380, mas a ilha de Santiago, que constitui mais de 50 por cento do mercado nacional, não tem ainda condições para desembarcar de forma directa e armazenar esse produto petrolífero.
“Foi feito um trabalho enorme de extensão do cais do porto da Praia, mas faltam as instalações que permitam o desembarque do fuel 380”, lamenta o presidente da ARE. “A empresa de logística comum poderia trazer uma racionalização com reflexos acentuados nos preços dos combustíveis”.
15 ANOS ATRÁS DO ÓBVIO
De recordar que a ideia da empresa logística surgiu há cerca de 15 anos atrás, quando o PAICV regressou ao poder em 2001. O então ministro das Finanças Carlos Burgo era um dos defensores do projecto. Isto é, com base em estudos do Banco Mundial, a ideia central é que através de uma importação comum de combustíveis entre a Shell e a Enacol e o seu armazenamento comum, isso poderia revelar-se mais vantajoso. Isto, desde logo, tendo em conta a economia de escala obtida através dessas duas operações.
Ou seja, quase 15 anos depois, eis que o referido ovo de Colombo volta a ser colocado sobre a mesa.

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