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Política

“Mobilidade continua a ser um dos grandes desafios” – Georgina de Mello

Quase a completar um ano no cargo de directora-geral da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), a cabo-verdiana Georgina de Mello, de passagem pela cidade da Praia, aponta a mobilidade de pessoas e bens como um dos maiores desafios da CPLP, sobretudo quando os acordos nesse sentido foram assinados no Brasil em 2012 e nunca saíram do papel. Uma delonga que pode ter finalmente fim à vista com a reunião dos ministros da Administração Interna, a acontecer em Abril próximo, em Díli, Timor-Leste.

Uma maior facilidade de mobilidade entre os cidadãos da CPLP tem sido o calcanhar de Aquiles dessa Comunidade que agrupa os países de língua portuguesa. Apesar dos acordos assinados para agilizar a circulação de pessoas e bens entre os Estados membros, no Brasil, em 2012, a verdade é que, três anos depois, pouco ou nada saiu do papel.

“O cidadão quer circular, quer que o seu filho vá estudar, quer ter a possibilidade de emprego no Brasil, Angola e Portugal. Quer poder deslocar-se com facilidade, quer poder estabelecer-se e fazer negócios nesses países, também”, adverte Georgina de Mello, em entrevista ao A NAÇÃO, a modos de balanço do primeiro ano como directora-geral da CPLP.

Mello espera, por isso, que esse dossier assuma novos contornos na próxima reunião dos Ministros da Administração Interna da CPLP, em Abril, em Díli, Timor-Leste. “Vamos ter a reunião de todos os países para ver se fechamos e agilizamos o dossier da mobilidade, ainda que para determinadas camadas de referência como empresários, jornalistas ou estudantes”, explica, para avançar que a ideia é, aos poucos, permitir aos sistemas de fronteira, “testar os procedimentos”.

Reforma

Também, a nossa entrevistada acredita que a CPLP precisa assumir-se como “uma verdadeira organização internacional”, com “os seus quadros e carreiras”, “com uma organização mais funcional” e com “capacidades e recursos que permitam dar resposta  ao que os Estados membros esperam”, levando em consideração a globalização e “as exigências que se apresentam, sobretudo depois da Cimeira de Díli”.

Georgina de Mello realçou igualmente que a CPLP tem de se preparar para conseguir responder da mesma forma “aos observadores associados e aos novos candidatos a associados”. Isto porque a CPLP tem captado a atenção de “muitos” países que se querem candidatar a observadores associados. “Há um grande número de países que se têm reunido connosco e que estão a preparar os seus processos para submeterem as suas candidaturas, porque estão a ver o enorme potencial que a CPLP oferece em diferentes níveis”, adianta.

Áreas como o comércio, economia marinha, energias e agricultura têm servido de pólo de atracção, mormente para países que, à primeira vista, pouco ou nada têm a ver com o espaço CPLP, mas que querem fazer parte da organização. “Países como a Nova Zelândia, Indonésia, República Checa, que estão a reconhecer o nosso potencial e, isto, significa um volume de trabalho muito maior, porque o caminho da CPLP é crescer”, afiança Mello.

Mais negócios

O aumento do volume de negócios e trocas comerciais entre os Estados membros assume-se como outra das prioridades para 2015, segundo a directora-geral. No seio da CPLP, os empresários reivindicam a melhoria do ambiente de negócios para facilitar o comércio e implementação de estruturas empresariais entre todos.

“Estamos a trabalhar com a Confederação Empresarial da CPLP no sentido de juntar os empresários e de trazê-los a Cabo Verde. Vieram, por exemplo, para a Feira Internacional de Cabo Verde (FIC), mas há também trabalhos a serem realizados ao nível da formação”, responde.

União de bancos

Ainda neste contexto, a directora-geral da CPLP destaca também o encontro de instituições bancárias dos Estados membros, que aconteceu no ano passado em Lisboa, no qual estiveram representados bancos de todos os países da comunidade, inclusive da Guiné Equatorial que, na altura, a 2 de Junho, ainda não era membro, era apenas observadora associada.

Por outro lado, destaca-se a presença das Câmaras do Comércio, que já eram membros da Confederação Empresarial. “Foi uma reunião extraordinária e muito importante, que permitiu ver como funciona cada sistema, em cada país, e a forma como os diferentes países se podem conectar e trabalhar para desenvolver os negócios e a banca”, avança. Deste encontro resultou a missiva da criação de uma União de Bancos da CPLP, que deverá ser criada ainda este ano. A ideia é criar condições para a criação de uma rede de suporte aos empresários da CPLP.

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